Precificação por Uso: Guia para Previsão de Vendas e Planos de Comissão em Times Enterprise

Insights RevTrack

A precificação por uso (usage-based pricing) tem ganhado destaque em empresas SaaS voltadas ao mercado enterprise. A lógica é simples: alinhar o valor pago pelo cliente ao consumo real do produto. Para o cliente, isso significa mais flexibilidade. Mas para times de Revenue Operations (RevOps), o desafio é enorme.

Como prever receitas em um cenário com consumo volátil? Como estruturar planos de comissão que realmente direcionem os comportamentos certos?

Neste artigo, compartilho aprendizados de mercado e estratégias práticas para navegar com eficiência no modelo de precificação por uso.


Os Desafios da Precificação por Uso em Vendas Enterprise

Diferente do modelo de assinatura tradicional — com receitas contratadas e mais previsíveis — o consumo variável traz incertezas. Veja alguns dos principais desafios:

  • Falta de histórico: vendas enterprise costumam ter ciclos longos e planos personalizados. Sem dados prévios, prever consumo futuro é arriscado.
  • Pipeline superestimado: muitas vezes, o forecast considera consumo total do contrato sem garantia de adoção real.
  • Incentivos desalinhados: quando a remuneração do vendedor depende de consumo variável, pode haver comportamentos disfuncionais ou expectativas frustradas.

“Se for consumo puro — e não ‘use ou perca’ — é ainda mais difícil, especialmente no enterprise onde há pouco histórico confiável”, diz Bill Kantor, CEO da Funnelcast.


Previsão de Receita em Modelos por Uso

Para prever com mais precisão, o segredo é segmentar e criar uma pontuação de consumo.

Crie um sistema de score

“Desenvolva uma pontuação com base em variáveis que se correlacionam com o consumo. Classifique clientes em faixas: baixa, média e alta expectativa de uso”, recomenda Preston Robitaille, da Lane Four.

Passos para isso:

  • Identifique variáveis que influenciam o uso: tamanho da empresa, maturidade tecnológica, tempo médio de adoção etc.
  • Classifique os clientes por potencial de consumo.
  • Reavalie seu modelo de pontuação à medida que novos dados forem entrando.

Fuja do pipeline ilusório

Bill Kantor alerta: “Pipeline é uma ficção até que o cliente esteja consumindo. O tamanho do pipeline não importa.”

No lugar de prever com base no valor contratado:

  • Priorize negócios fechados com prazos claros de ativação.
  • Monitore o consumo real ao longo do tempo.
  • Classifique os negócios pelo potencial de consumo validado.

Como Construir Planos de Comissão no Modelo por Uso

O objetivo de um bom plano de comissão aqui é incentivar três coisas:

  1. Adoção inicial
  2. Crescimento sustentado de uso
  3. Expansão ao longo do tempo

1. Comissões por potencial + crescimento

  • O vendedor é comissionado ao fechar um contrato com potencial de consumo (faixas de R$ 50k, R$ 100k, R$ 250k etc.)
  • Ganhos adicionais são pagos conforme o consumo cresce além da faixa inicial.

2. Comissões por marcos de consumo

Evite pagar tudo na assinatura. Divida os pagamentos:

  • Assinatura: % ao assinar o contrato
  • Implantação: % na ativação e adoção
  • Consumo real: saldo das comissões com base no uso

3. Recompense ações que geram consumo

Pague por comportamentos que aumentam a adoção:

  • Treinamento de clientes
  • Integrações estratégicas
  • Ações preventivas contra churn
  • Feedbacks que geram evolução do produto

Recomendações Práticas para Times de RevOps

1. Alinhe o Go-to-Market ao impacto

RevOps deve atuar junto com Vendas, CS e Produto para:

  • Mapear casos de uso que geram valor real
  • Reduzir o tempo até o valor percebido pelo cliente
  • Medir sucesso com base em consumo

2. Invista em métricas e dashboards

  • Painéis de consumo: monitore uso em tempo real
  • Acurácia de forecast: compare previsões com dados reais
  • Indicadores de adoção: meça a progressão do cliente até o uso pleno

3. Revise e ajuste constantemente

  • Atualize variáveis do score com base nos dados mais recentes
  • Adapte a estrutura de comissão conforme o comportamento do cliente
  • Mantenha contato com o time de vendas para validar a efetividade dos planos

Conclusão

Modelos de precificação por uso são o futuro de muitos negócios SaaS — mas exigem nova mentalidade para previsibilidade, remuneração e gestão de contas. Quando bem estruturado, esse modelo incentiva relações mais duradouras e rentáveis com os clientes, alinhando crescimento à entrega de valor.


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